4 dicas para não enlouquecer em um negócio familiar
Família e negócios se
misturam com frequência e é preciso saber administrar as relações
São Paulo
– Quando um empreendedor pensa em abrir um negócio, mas não tem
sócios, ele corre buscar algum familiar disposto a entrar na sociedade. O que
parece ser mais seguro e confiável, no entanto, pode se transformar em um
pesadelo. “Existe uma grande dificuldade em separar família de empresa”, diz
Pedro Martins Parreira, diretor da Parcon Consultoria.
Fernando Massi, sócio-fundador da rede Ortodontic Center, conhece
bem esta situação. Há quatro anos, ele e a esposa, Ana Lucia de Souza Massi,
convivem juntos no comando do negócio e da casa. “Minha mulher e alguns
parentes estão na rede como franqueados. As divergências de opinião acontecem a
toda hora. Tem que separar trabalho e relacionamento, mas a gente acaba
misturando”, diz Massi.
O empresário conta que muitas decisões importantes geram conflitos
entre o casal. “A gente acaba se desentendendo nas reuniões e é difícil chegar
a um acordo no mesmo dia”, diz. Para evitar arruinar a empresa, eles decidiram
criar um conselho que ajuda em questões estratégicas do negócio. “A gente
coloca tudo em votação com assessores e coachings de cada área. Isso faz uma grande
diferença e a empresa deixa de ser tão familiar com o conhecimento especifico
dessas pessoas”, afirma.
Para manter a sanidade, não arruinar as relações familiares e
proteger o negócio, veja as dicas de quem entende do assunto para ter sucesso
com uma empresa familiar.
1. Divida as tarefas
Assim como Fernando e Ana Lucia, marido e mulher costumam dividir
a sociedade da empresa e a divergência de opiniões pode causar estragos no
relacionamento. Para Joseane Gomes, diretora comercial da consultoria Ametista
Gestão, é preciso que cada um tenha um departamento para cuidar. “É muito
difícil estar na mesma área com o mesmo poder de decisão e ter sucesso.
Opiniões pessoais são difíceis de mudar e ainda entra sentimento. É preciso
fazer uma gestão separada dentro da empresa”, diz Joseane.
Parreira complementa que esta é também uma maneira de aproveitar o
que cada um tem de melhor. “Um dos fatores mais importantes da gestão está na
soma do capital intelectual da sua equipe interna”, explica.
2. Seja profissional
Empresas que mantêm uma gestão familiar por muitos anos acabam
ficando com a cara do dono, em todos os aspectos. Por exemplo, se o
proprietário não gosta de determinada tecnologia, ela não é usada, mesmo que
isso represente um crescimento menor.
“Empresas assim carregam uma carga muito forte da formação dos
seus donos. Valores morais, aspectos culturais, formação escolar e o modo de
vida do dono são transferidos para o negócio”, explica Parreira. A sugestão é
fazer um diagnóstico dos pontos fortes e fracos e ver onde a família interfere
nos resultados do negócio.
3. Tenha paciência
Além da paixão dos empreendedores, essas empresas lidam com os
sentimentos da família. “Quando mistura o familiar com o profissional, você tem
muita opinião e os interesses são muito opostos. Isso é difícil de
administrar”, opina Joseane. Nesta hora, é importante manter a calma e ser
racional na hora de tomar as decisões do negócio.
4. Prepare um sucessor
O problema maior da gestão familiar é quando o fundador não
preparou um sucessor adequadamente. “Eu acredito no chão de fábrica. Quando
você vai preparar alguém para ser o sucessor, você tem que levar a pessoa para
começar lá de baixo, na produção e atendendo clientes”, sugere Joseane.
Segundo ela, um dos maiores erros é colocar filhos em diretoria,
sem que eles conheçam o negócio a fundo. “Os valores da empresa não são
repassados”, conta. Por isso, respeitar a vontade dos herdeiros e se preparar
para uma gestão nas mãos de alguém de fora da família é importante. “Se não tem
cabeça aberta e acompanha o mercado, não tem sucessão, os filhos ficam
frustrados e acabam saindo do negócio”, explica.
FONTE: EXAME: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/4-dicas-para-nao-enlouquecer-em-um-negocio-familiar
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