5 ideias para inovar com pouco investimento
Professor do IMD,
Ishtiaq Pasha Mahmood aponta formas de gerar inovação com baixo
investimento e
alto retorno financeiro.
Por Bárbara Ladeia
Rego Korosi/Creative Commons
O sucesso pode levar a empresa à inércia criativa
Inovação nem sempre é sinônimo de
vultosos investimentos em pesquisa e desenvolvimento seguidos
de lançamentos ultramodernos com tecnologia de ponta. Em visita ao Brasil, o bengali
Ishtiaq Pasha Mahmood, professor de estratégia e
negócios asiáticos do IMD, escola de negócios suíça, expôs os conceitos da
chamada “inovação frugal”.
O único pressuposto é o ganho de
escala na entrega de produtos e serviços. “Inovação frugal é oferecer o
máximo de inovação a partir do mínimo de recursos para o máximo de pessoas”,
diz Mahmood.
Em aula para executivos de
grandes empresas brasileiras, o especialista apresentou ideias para companhias
que pretendem mergulhar no lucrativo mundo da inovação a partir dos negócios em
larga escala.
1 Inovações
simples podem aproximar empresa do cliente
Pode parecer óbvio,
mas é fundamental partir das necessidades do consumidor para construir um
sólido raciocínio inovador. “Com simples observações é possível fazer
pequenas inovações e elevar o potencial de consumo dos produtos”, afirma
Mahmood.
Exemplo disso foi o
lançamento do Nokia 101 na Índia. Para atender ao público local, a empresa
lançou um modelo de celular com capacidade para até cinco chips e cinco agendas
- o uso coletivo de um mesmo aparelho é comum no país.
As baterias
utilizadas também foram escolhidas a dedo. “Baterias de longa duração são muito
importantes para o consumidor indiano, que enfrenta racionamento de energia com
frequência”, diz o professor do IMD.
2 A falta de
infraestrutura pode ajudar
Observar as falhas da
infraestrutura é o primeiro passo para pensar um negócio inovador de amplo
alcance. Foi o que aconteceu com a Nókia. A empresa identificou nas
dificuldades com a energia elétrica uma oportunidade para melhorar seu produto
ampliando a penetração no mercado indiano.
Também na Índia, as
dificuldades com a saúde pública foram o principal motor da Aravind Eye Care,
rede de hospitais oftalmológicos. Cerca de 30% dos casos de cegueira
registrados no país poderiam ser evitados com profilaxia.
No último ano, a rede
atendeu aproximadamente 2,3 milhões de pessoas e realizou mais de 270 444
cirurgias a preços populares – a partir de 10 dólares. Segundo Mahmood, o
retorno sobre investimento do negócio, atualmente, é de 40%. Esse é o valor se
não for considerado o intangível retorno social do trabalho.
3 A inovação
pode estar na mudança do sistema de negócio
O sucesso da Aravind
Eye Care é prova de que para ser inovação, não é necessário grande aparato
tecnológico nem o desenvolvimento de equipamentos revolucionários de última
geração.
Os grandes
investimentos em pesquisa e desenvolvimento tampouco são condição
imprescindível para o sucesso de uma estratégia inovadora. Mahmood explica que
a mudança de valor pode ser a principal matéria-prima da inovação.
“A inovação também
está em criar uma proposta única de valor agregado ao produto ou serviço”,
afirma. Para isso, o sistema de negócio e o fluxo das operações têm de se
encaixar a proposta.
4 Custo do
produto deve estar ligado ao perfil do consumidor
Não só o sistema do
negócio, mas o custo do produto também pode ser orientado pelo consumidor. É o
caso da bem-sucedida rede de hotéis Formula 1, usado como exemplo pelo
professor, que investe pesadamente nos serviços essenciais como higiene e
conforto que nos aparatos de luxo e concierge.
“O público dessa
rede, via de regra, viaja a negócios e apenas vai ao hotel à noite para
pernoitar”, diz. “Nesses casos, a estrutura de luxo disponível não será
considerada pelo consumidor na hora de avaliar o preço e a relação entre custo
e benefício.”
5 O sucesso
pode levar a empresa à inércia
“O sucesso é uma das
principais causas da inércia em uma empresa”, afirma Mahmood, que sugere que
todo processo de inovação parta do zero. Considerar, em primeira instância,
processos e produtos bem sucedidos pode prejudicar o desenvolvimento da
inovação.
Mais que isso, o
professor do IMD afirma que “quando não há problemas, é muito mais difícil
pontuar a própria inércia”. A estratégia é olhar para o funcionamento de outros
mercados e empresas que se diferenciem completamente da estrutura à qual se
está habituado.
Não por acaso, boa
parte das inovações vêm de startups. “Uma startup sempre começa do zero, sem
produtos”, afirma Mahmood que admira a estratégia de inovação de Warren Buffet,
presidente da Berkshire Hathaway. “Ele tem uma pessoa exclusivamente dedicada a
pontuar problemas nas análises, gestão e operações da Berkshire”, diz. ”Buffet
paga alguém para dizer que ele está errado e assim não perder a capacidade de
inovar nos negócios.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário